Por trás da “dramatização” das finanças públicas de Bayrou, o risco de agravamento da fadiga democrática

E se o risco que François Bayrou corre ao buscar um voto de confiança não se limitar aos mercados financeiros? Ao vincular o destino de seu governo ao seu plano de poupança, o primeiro-ministro também enfrenta uma opinião pública abalada por uma crise de confiança nas instituições.
Esse cansaço democrático, que vem sendo escrutinado por pesquisadores há várias décadas, ganhou nova profundidade neste outono, um ano após a dissolução da Assembleia Nacional sem esclarecimentos e a composição de um governo de coalizão que desagradou tanto os eleitores do Rally Nacional (RN) quanto os dos partidos de esquerda. Por trás da postura gaullista do centrista reside o risco de alienar toda uma parcela da população que já não espera muito da política.
"A dramatização de Bayrou é uma loucura política, social e financeira... Essa política de sacrifício reacende a coagulação da raiva, mas também alimenta a proliferação de bodes expiatórios. Em uma sociedade que se sente sacrificada há décadas, esta não é a maneira certa de enfrentar o problema", afirma Henri Guaino, ex-assessor de Nicolas Sarkozy, sem contestar a difícil equação orçamentária francesa. "Nenhum regime pode sobreviver sem consentimento", avalia.
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Le Monde